Para quem cresceu ou vindo os humoristas brincarem com as ínfimas proporções do salário-mínimo, esta década representa uma mudança de paradigma. Em 1994, quando o real foi implantado, seu valor era de R$ 70. Ano que vem, quando a moeda brasileira completar 20 anos, o trabalhador que receber o salário mais modesto do País, verá no contracheque a cifra de R$ 722,90. Atualmente, o mínimo está em R$ 678.
Esse montante foi apresentado ontem ao Congresso Nacional como parte do Ploa (Projeto de Lei Orçamentária Anual) pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior – para quem o novo mínimo vai incorporar a regra de valorização do piso salarial nacional. “É uma política importante de alavancagem da renda das famílias no Brasil e que tem nos levado a patamares de qualidade de vida muito superiores”, disse a ministra, que estima o impacto do salário-mínimo, em relação aos benefícios que são calculados a partir dele, em R$ 29,2 bilhões.
O ministro do Trabalho, Manoel Dias, avaliou que o aumento de 6,62% não irá impactar negativamente as contas da União. Neste ano, o mínimo foi corrigido em 9%. A redução do percentual do reajuste se dá porque o cálculo soma a inflação do ano anterior com o PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos atrás. Em 2012, o crescimento foi de 0,9%, enquanto em 2011, 2,8%.
Para Dias, o aumento do mínimo ajuda a irrigar a economia sem causar impactos negativos ao governo ou ao mercado. Segundo ele, a política de aumento do salário-mínimo é a razão pela qual o Brasil não teria entrado na crise econômica global iniciada em 2008. Ele também diz não temer que o valor desestimule a criação de postos de trabalho.
“O Brasil está vivendo o menor nível de desemprego em décadas e a massa salarial só faz crescer”, disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a comemoração dos 30 anos da CUT (Central Única dos Trabalhadores), anteontem, em São Bernardo.
Em seu discurso, o ex-presidente defendeu a continuidade do governo Dilma por mais um mandato e enfatizou que as políticas públicas que reforçam os ganhos da classe trabalhadora são a mola propulsora da economia e devem ser sempre estimuladas. “Há 20 anos, o pobre só tinha acesso ao pé do frango, agora ele tem o frango inteiro.”
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