Muito provavelmente você já se perguntou ou conhece alguém que já se questionou sobre o que leva uma pessoa a desejar ser político. Trabalhar pelo bem coletivo seria a resposta ideal e até é o que os políticos dizem quando são abordados sobre o assunto. Muitos deles realmente têm o compromisso de atuar em prol da sociedade, mas entre a população em geral, de acordo com análise da Ong Transparência Brasil, o entendimento da maioria é de que poder e dinheiro são os fatores determinantes para a intenção de galgar espaço na vida pública.
E entre os cargos públicos mais concorridos do país, destaca-se o de vereador. Pesquisa da revista americana The Economist revela que, apesar deste ser o menor cargo na hierarquia política, é um dos mais vantajosos para se ter um mandato. Não é difícil saber por quê. Na realidade paraibana, facilmente se encontram as respostas. No tocante aos salários, por exemplo, o menor valor recebido por um vereador paraibano é de R$ 1.200, que é pago aos parlamentares da cidade de Carrapateira.
Levando em consideração que grande parte da classe trabalhadora recebe um salário mínimo por mês (R$ 545), a menor renda de um vereador na Paraíba é mais que o dobro do que percebe um trabalhador comum. Não bastasse isso, proporcionalmente às horas trabalhadas, as vantagens chegam a ser exorbitantes. Na ponta do lápis: para o trabalhador assalariado chegar ao final do mês e receber seus R$ 545 brutos, ele precisa trabalhar 44 horas semanais ou 176 horas mensais. Isso significa dizer que cada hora trabalhada vale R$ 3,09. Já a hora de trabalho de um vereador é muito mais valorizada.
Por semana, um parlamentar participa, normalmente, de três sessões ordinárias que duram, cada uma, três horas, o que resulta em nove horas semanais de trabalho ou 36 horas por mês. Ainda utilizando como parâmetro o menor salário de vereador na Paraíba (R$ 1.200), isso resulta em uma quantia de R$ 33,33 por hora de serviço prestado na Câmara. Isso, lógico, levando em conta o cálculoproposto. Há cidades onde ocorrem apenas uma sessão por mês. Para perceber a estratosférica diferença entre um trabalhador comum e um parlamentar municipal, se a comparação for feita com o maior salário de vereador do estado (R$ 12 mil), que é pago em João Pessoa, o valor por hora de trabalho é 110 vezes maior (R$ 333,33) do que a hora trabalhada por um assalariado.
No caso dos vereadores de João Pessoa, a vantagem é maior, porque eles contam, ainda, além do salário, com verba de gabinete para despesas com carro, motorista, combustível, telefone e correspondências postais. Em Campina Grande, segunda maior cidade paraibana, não existe a verba de gabinete, mas cada vereador recebe R$ 7 mil por suas 36 horas mensais de atividades desenvolvidas no plenário da Casa de Félix Araújo. Na mesma linha de comparação feita anteriormente, a “hora/plenário” dos parlamentares campinenses custa R$ 194,44.
Paraiba hoje
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