Júnior Gurgel
As Ticas de Jadir
Os efeitos bombásticos da entrevista da Ministra do STJ Eliana Calmon, sobre a “caixa preta do Judiciário” repercutiu em todo o país. Instantaneamente, reacendeu o movimento da sociedade na procura de “lavar” a sujeira do poder “intocável”, e acima da própria Lei. Existe uma resistência dentro do próprio “sistema”, contra o corporativismo que acoberta os vícios contumazes, praticado pelas Cortes de Justiça de todo país. A maioria dos Magistrados - que honram a Toga - deseja separar-se da “banda podre” que compõe este Poder, temendo não serem nivelados (por baixo).
Identificando-se como “garganta profunda”, alguém influente na hierarquia do TRE-PB resolveu denunciar em forma de “conta gotas”, os escândalos que ocorreram naquela Corte, nos julgamentos de cassação de mandato eletivo. Algo – se confirmado – escabroso, que comprometerá em definitivo o conceito do TRE-PB, invertendo em breve os papéis, quando os Juízes poderão se tornar réus.
Ações suspeitas foram realizadas pelas “Ticas” – codinome usado pelo grupo – que envolve um deputado estadual um Juiz do TRE; um filho de um prefeito da Paraíba e um lobista de Brasília. O conteúdo dos bate-papos via telefone – segundo “garganta profunda” girava em torno de valores, e negociações prévias, antecipando resultados dos mandatos dos prefeitos de Carne de Sol, Bode na Rua e da Rainha. O próximo: Reino das Landras.
Em recente processo de cassação entraram em cena os dois grupos políticos que tinham interesse no resultado: pró ou contra. De um lado havia um homem “missão” alaranjado. Em suas mãos, uma sentença em primeira estância, com argumentos inequívocos que culpavam o réu condenado, endossado pelo currículo histórico e irretorquível do juiz de primeira instância. O homem "missão" era “alimentado” pelas informações de uma “TICA”, que garantiu fazer tudo “funcionar”, como nos casos anteriores. A maioria do plenário seria comandada por outra “TICA”.
Na semana que antecedeu a primeira sessão, novos personagens surgiram para “trabalharem” o resultado. Mais de cem mensagens telefônicas foram trocadas ampliando os valores já “negociados”. Tica Brasiliense atuava nos dois lados, leiloando o preço da sentença. O objetivo era tirar o máximo possível desta oportunidade rara. No dia da votação - no estacionamento do Restaurante Tererê – decidiram uma vista, para depois chegar-se a “números compensatórios”.
Com o “sinal” dos dois blocos já no bolso, a Tica Brasiliense deu sua primeira “abocanhada”, repassando apenas a metade do que lhes foi entregue. Um lado adiantou R$ 200 mil. Outros R$ 500 mil seriam pagos após a decisão. Mais ousada, outra parte antecipou R$ 500 e mais 1,5 milhões foram entregues após julgamento.
Tica Brasiliense foi vista pela última vez na famosa Adega, sendo acuado pela parte perdedora: devolução da grana. Desapareceu levando tudo. “Garganta profunda” assegurou que tem cópias das mensagens telefônicas, e seis horas de gravação em áudio, onde uma das Ticas confessa toda a façanha que envolveu mais de 2 milhões de reais.
*Tica de Jadir era uma mulher de vida livre da cidade de Sousa, que iniciava sexualmente a garotada da Cidade Sorriso, na década dos anos oitenta, século passado.
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