Pessoenses não aderem ao "Dia sem carro"
Amanda Carvalho e Haryson Alves
A mobilização mundial “Na Cidade Sem Meu Carro” aconteceu ontem pela primeira vez em João Pessoa e foi marcada por, no mínimo, três acidentes. No início da manhã, um ônibus colidiu na traseira de um carro, na Avenida Epitácio Pessoa, mas logo os motoristas entraram em acordo e o trecho ficou livre. Na mesma via, também houve uma colisão lateral de outro carro com uma carreta. Na via, alguns condutores não respeitaram a faixa exclusiva para ônibus, que foi liberada a partir das 20h. Já nas proximidades do viaduto do Cristo, um ciclista foi atropelado, recebeu socorro do Samu e foi liberado. Para estimular os pessoenses a deixarem seus carros em casa, as linhas de ônibus ganharam reforço de 52 veículos extras, mas não houve a adesão esperada.
A Assessoria de Comunicação da Superintendência de Transportes e Trânsito da Capital (STTrans), informou que hoje será divulgado um balanço do “Na Cidade Sem Meu Carro”. O prefeito Luciano Agra aderiu e foi de ônibus da sua residência, em Manaíra, até a Lagoa. Porém, muitos pessoenses não deixaram os seus carros em casa e alguns pontos do Centro ficaram congestionados, como o cruzamento da Rua Treze de Maio com a Rua Padre Meira. Até junho, o Departamento Estadual de Trânsito registrou 309.440 veículos na Grande João Pessoa, um aumento de 14.866 novos veículos em relação a dezembro do ano passado, uma média de 2.477 veículos novos, por mês.
No Ponto de Cem Réis, Luciano Agra, fez um pronunciamento e ressaltou a importância de uma mobilidade urbana priorizando o transporte público. “A cidade é como uma pessoa, ela também adoece. É como um enfarto do miocárdio, que é o entupimento de veias. O que acontece com a mobilidade é um entupimento com as consequências piores possíveis”, afirmou. Ele ainda pediu a ajuda da população em contribuir para o plano de mobilidade da cidade, que terá o transporte público como prioridade.
O prefeito aderiu à mobilização e optou por usar o transporte coletivo para ir ao Centro. Ele pegou a linha 511, juntamente com o superintendente de Transporte e Trânsito (STTrans), Nilton Pereira. “A experiência foi ótima. Nunca vi a Epitácio Pessoa tão livre, com tráfego tão tranquilo. Fiz uma viagem de 15 minutos. São mudanças que têm efeitos extraordinários sem causar maiores transtornos. Por isso que esse dia é importante, para mostrar que João Pessoa pode sim ficar sem muitos carros”, relatou.
Para Nilton, o principal objetivo da mobilização em João Pessoa é mostrar e preparar as pessoas para a modificação que o PAC da Mobilidade irá promover na cidade. “É uma espécie de preparação de como será a cidade que a gente quer em breve e também mostrar que é possível sim repensar outras formas de locomoção. Os automóveis ocupam muito espaço nas cidades, degrada a qualidade de vida por causa da poluição ambiental, os acidentes, o estresse e a perda de tempo”, afirmou.
Nilton reconheceu que o transporte coletivo hoje não é eficiente e que seria difícil ter uma grande adesão da população, porém ele lembrou que o PAC da Mobilidade transformará radicalmente esse sistema. “Assim, as pessoas vão ficar seduzidas a migrar para o transporte público. Querer que uma campanha, que acontece pela primeira vez, consiga a adesão das pessoas é difícil. Não somos inocentes para acreditar nisso”, disse.
O conforto do carro
Para muitos, não houve melhorias no trânsito ontem, e muitos relataram que a quantidade de veículos estava até acima dos dias anteriores. O aposentado Francisco Gomes contou que prefere trafegar de ônibus pela praticidade de não precisar procurar vagas para estacionar. Porém, ontem, ele estava com seu carro no Centro. “Só usei o carro hoje porque precisei levar a minha esposa para o médico. De carro é mais rápido e cômodo, ela pode ser atendida mais rápido. Ela quem fica com o carro, enquanto eu uso o ônibus”, contou.
O advogado José Gonçalves também estava trafegando em seu veículo na manhã de ontem. Ele disse que estava indo fazer feira e que era “impossível levar as compras de ônibus ou de táxi” e que era “muito mais prático ir com o carro”. O taxista Sérgio Beltrão analisou que o trânsito ontem estava o mesmo dos outros dias, porém alguns pontos estão congestionados por causa das interdições em algumas ruas. “É sempre congestionado no Centro, os taxistas reclamam quando precisam fazer uma corrida por lá”, relatou.
Já o assessor parlamentar Josinaldo Moraes vai todos os dias para a Câmara dos Vereadores de bicicleta, alegando que é mais prático. “Quando venho de carro nunca encontro uma vaga para estacionar, o estacionamento da câmara sempre é cheio. De bicicleta é mais tranquilo”, garantiu. Porém, ele se lembrou das dificuldades que os ciclistas enfrentam no trânsito e a falta de ciclovias na cidade. “Eu peço a todos os motoristas, principalmente de ônibus, que respeitem os ciclistas. Outro dia um ônibus me fechou e quando reclamei, ele deu ré para cima de mim. Os ciclistas têm que andar se livrando dos veículos”, lamentou.
Ruas foram interditadas
Para a jornada “Na Cidade Sem Meu Carro”, a prefeitura interditou a Avenida Visconde de Pelotas, do trecho da Assembléia Legislativa ao antigo cinema Municipal, onde foram colocadas várias plantas, e a Rua Barão do Abiaí. Na Avenida Epitácio Pessoa, uma faixa foi destinada exclusivamente para ônibus do entroncamento da Avenida Ruy Carneiro à Praça da Independência. As faixas foram marcadas com cones em toda a extensão e agentes da STTrans estiveram em vários pontos da avenida.
Segundo Nilton, esta interdição é um prelúdio de como a avenida ficará após a implantação do PAC da Mobilidade. “Muita gente acreditava que não ia dar certo e que só ia limitar o trânsito, aumentando o congestionamento, e não foi isso que a gente verificou. Nós temos que priorizar os transportes coletivos que levam 60 pessoas do que os veículos que levam no máximo três, e esse é o princípio do plano de mobilidade”, analisou.
Além das mudanças, vários eventos marcaram a mobilização. Pela manhã, a banda municipal 5 de Agosto fez apresentação no Ponto de Cem Réis. Durante todo o dia, vários alunos de escolas municipais apresentaram peças de teatro, danças, apresentações folclóricas e poesias. No local foram montados vários estandes, com atividades diversas, com o grupo 'João Pessoa Vida Saudável', oficina de Skate e Hip Hop, verificação de pressão/fisioterapeutas e jogos educativos.
Mortes por acidente de trânsito cresceram 114% nos últimos 10 anos na PB
Thibério Rodrigues
O número de mortes em acidentes de trânsito cresceu 114,8% em dez anos na Paraíba. De 417 óbitos no ano de 2001 para 896 em 2010, de acordo com dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), da Secretaria Estadual de Saúde (SES). A imprudência e a falta de atenção dos motoristas são responsáveis por 76,5% do total de 2.696 acidentes ocorridos este ano nas rodovias federais paraibanas, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Os dados sobre mortalidade do SIM revelam que só este ano já foram registrados 442 óbitos causados por acidentes de trânsito. O número já é maior do que todas as mortes registradas pelo sistema em 2001. Ainda de acordo com o SIM, no período de 2001 até 2010, foram 6,9 mil paraibanos que perderam a vida após acidentes no trânsito.
Número de internações devido a acidentes no trânsito aumentou 96%
Assim como o número de mortes, a quantidade de paraibanos que se internaram nos hospitais em decorrência dos acidentes de trânsito também de 2001 até 2010. Segundo informações do Datasus, do Ministério da Saúde, o aumento foi de 96,2% (de 2,7 mil para 5,3 mil internações).
O total de pessoas que se internaram após acidentes no trânsito neste período é de 27.350. Os gastos públicos com as internações dessas pessoas chegaram a R$ 28, 6 milhões. Só este ano já foram registradas, pelo Datasus, 2,6 mil internações por este motivo na Paraíba e os gastos já foram de 2,6 milhões com assistência hospitalar com essas pessoas.
76,5% dos acidentes são causados por imprudência
Segundo levantamento da PRF, 2.063 acidentes ocorridos este ano nas rodovias federais foram provocados por falta de atenção e imprudência do condutor do veículo. Isso representa 76,5% do total de 2.696 acidentes registrados pela PRF de janeiro até agosto deste ano.
De acordo com o chefe do Núcleo de Comunicação Social da PRF, Genésio Vieira, a maior parte (quase 30%) dos acidentes que ocorrem nas rodovias são colisões traseiras, provocadas pela falta de atenção ou quando o motorista não mantém uma distância segura do veículo que segue a sua frente.
Ele alertou que embora a maioria dos acidentes desse tipo não tenha grande proporções, raramente com vítimas, não deixa de ser preocupante. Pois, segundo ele, “já houve casos em que os ocupantes do veículo sofreram lesões graves e outros chegaram até a morte. Principalmente quando envolve motocicleta”, alertou. Ele ressaltou que toda circulação de veículos deve ser feita pela faixa da direita. O uso da faixa esquerda serve apenas para fazer a ultrapassagem.
COMO EVITAR A COLISÃO TRASEIRA
· Utilizar corretamente as distâncias recomendadas e evitando dirigir muito próximo ao veículo da frente.
· Quando trafegar em rodovias mantenha uma distância de no mínimo 40 metros em relação ao veículo que segue à sua frente. Esse espaço é o que você precisará para imobilizar seu carro numa frenagem de emergência a 80 km/h, sem bater no outro.
· Um meio mais prático para aferir a distância correta é manter sempre dois segundos de diferença em relação ao carro da frente.
INFRAÇÃO
· Deixar de guardar distância de segurança lateral e frontal entre o seu veículo e os demais, bem como em relação ao bordo da pista, implica em infração grave conforme o Artigo 192 do Código de Trânsito Brasileiro.
· A penalidade de multa é no valor de R$ 127,69 mais cinco pontos na carteira de habilitação.
Tipos de acidentes mais frequentes nas rodovias federais paraibanas:
TIPO | QUANT. | (%) | MOTIVO |
Colisão traseira | 799 | 29,65 | Distância de segurança (falta de atenção) |
Saída de pista | 513 | 19,04 | Excesso de velocidade (Imprudência) |
Colisão lateral | 413 | 15,32 | Distância de segurança (falta de atenção) |
Colisão transversal | 198 | 7,35 | Atitude precipitada (falta de atenção e Imprudência) |
Capotamento | 140 | 5,19 | Excesso de velocidade (Imprudência) |
Fonte: PRF
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