Mortes por linfoma aumentam 4 vezes
Amanda Carvalho
O linfoma, apesar do espaço que vem ganhando na mídia por causa das pessoas públicas assumindo publicamente a doença, continua desconhecido para maioria dos brasileiros, segundo a Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (ABHH), que contabiliza que 70% da população desconhecem o termo “linfoma”. Hoje é o Dia Internacional de Conscientização sobre Linfomas, que acontece no Brasil e em mais de 25 países. De acordo com os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), 30 paraibanos faleceram em decorrência de linfoma de Rodgkin e de não-Hodgkin este ano. Em uma década, o número de óbitos cresceu quatro vezes: em 2000, o SIM registrou 15 mortes. Ano passado foram registradas 63.
No hospital Napoleão Laureano, em João Pessoa, do começo de agosto até ontem, 64 pacientes passaram por tratamento de linfoma de não-Hodgkin. Este ano, 564 pessoas se trataram da doença no hospital. Já em todo o ano passado, o hospital tratou 1.053 pacientes.
Segundo Angelina Cartaxo, o aumento nas mortes está relacionado com a demora do diagnóstico da doença. “Vemos muitas pessoas que desconhecem a doença e acham normal o crescimento dos gânglios e, quando vem se tratar, a doença já está em estado bastante avançado”, afirmou.
A hematologista Flávia Pimenta afirmou que, para aumentar as chances de cura, é preciso diagnosticar precocemente a doença. “A atuação dos Postos de Saúde da Família (PSF) tem facilitado o encaminhamento do paciente. Ainda está longe do ideal, mas melhorou de forma importante”, ressaltou Flávia.
Cura
De acordo com a ABHH, o linfoma de Hodgkin, o primeiro a ser descoberto na história da medicina, tem índice de cura de 90%. O de não-Hodgkin é o tipo da doença mais complexo e é dividido em dois grupos: um com comportamento agressivo, com índice de cura em torno de 70%; e o indolente, que é incurável, porém há tratamentos que mantém a doença crônica, promovendo sobrevida com qualidade ao paciente.
“O paciente faz o tratamento com quimioterapia que mantém a doença em controle. Quando a doença volta, o paciente passa por mais uma etapa de quimioterapia”, explicou a hematologista Angelina Cartaxo.
Fatores que podem levar ao mal
A hematologista Flávia Pimenta explicou que o linfoma é uma neoplasia de causa ainda não totalmente esclarecida. No entanto, estudos mostraram que existem algumas condições que podem aumentar a incidência da doença, como imunossupressão do sistema imunológico, que pode ser de causa hereditária ou adquirida (doenças como AIDS, uso de medicação imunossupressora para doenças autoimunes ou pós-transplantes).
A exposição à radiação, aos agrotóxicos, tiner e solventes também são considerados fatores de risco, assim como infecções virais como as causadas pela hepatite B, hepatite C, Vírus de Epstein Barr, entre outros parecidos. Angelina citou a infecção das células epiteliais do estômago pela bactéria Helicobacter pylori, encontrada em pessoas com gastrite, que pode induzir o aparecimento do linfoma gástrico. “Não é decisivo, ou seja, não são todas as pessoas que têm tal exposição que desenvolverão linfoma”, explicou Flávia. Segundo ela para evitar a doença, as pessoas não devem se expor às condições listadas acima. No entanto, ela garante que a melhor prevenção é realizar consultas anuais com um clínico geral, que deve conhecer os sintomas da doença. “Caso a pessoa identifique algum dos sintomas, como aumento dos gânglios, febre sem infecção, perda inexplicável de peso, ou gânglios que resistem em desaparecer, endurecidos e indolores, deve procurar o especialista”, indicou. Já Angelina acredita que a alimentação com tantos produtos industrializados pode estar afetando o aumento da incidência da doença.
Frequência em indivíduos jovens
De acordo com a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), a incidência do linfoma de Hodgkin atinge um pico de cinco a seis casos para cada 100 mil indivíduos com idade em torno de 20 anos. Na meia idade, a incidência cai pela metade e, nas pessoas mais idosas, a tendência é aumentar. Ainda segundo a associação, a doença ocorre frequentemente em indivíduos jovens, entre 10 e 40 anos, com descendência européia.
Já a incidência do linfoma de não-Hodgkin, segundo a Abrale, aumenta progressivamente com a idade. Em torno dos 20 anos, a incidência é de quatro casos para cada 100 mil indivíduos. Em indivíduos com 60 anos, a incidência aumenta 10 vezes e, acima dos 75 anos, a incidência aumenta mais de 20 vezes, chegando a 80 casos para cada 100 mil pessoas.
Celebridades assumem doença
Este ano, os brasileiros tiveram uma surpresa após o anúncio que o ator Reinaldo Giannecchini havia sido diagnosticado com linfoma de não-Hodgkin. O ator, que passou por sua segunda sessão de quimioterapia no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, descobriu a doença após ser internado com suspeita de faringite crônica. A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, também foi diagnosticada com a mesma doença, em 2009. Assim como Giannecchini, a presidente passou por tratamento de quimioterapia, também no hospital Sírio-Libanês, na capital paulista. A autora de novelas Glória Perez também lutou contra o linfoma, em 2009.
A ex-primeira dama dos Estados Unidos e ícone mundial, Jacqueline Kennedy Onassis faleceu, em maio de 1994, em decorrência de linfoma considerado altamente maligno. Ela descobriu a doença em dezembro do ano anterior e, um dia antes de falecer, os médicos deram-lhe o prognóstico de que não havia mais o que fazer contra o câncer.
O vocalista da banda punk Ramones, Joey Ramone, também faleceu em decorrência da doença, em 2001.
Campanha de conscientização
Para o Dia Internacional de Conscientização sobre Linfomas, a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) lança a campanha “Movimento contra o linfoma. Se toca. Quanto antes você descobrir, melhor”, com participação de personalidades. Este ano, a campanha tem como padrinhos os atores Amandha Lee, Caco Ciocler, Camila Morgado, Matheus Solano, Marcelo Airoldi e Odilon Wagner, e a apresentadora Sarah Oliveira e a atriz Drica Moraes, diagnostica com leucemia.
O linfoma, apesar do espaço que vem ganhando na mídia por causa das pessoas públicas assumindo publicamente a doença, continua desconhecido para maioria dos brasileiros, segundo a Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (ABHH), que contabiliza que 70% da população desconhecem o termo “linfoma”. Hoje é o Dia Internacional de Conscientização sobre Linfomas, que acontece no Brasil e em mais de 25 países. De acordo com os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), 30 paraibanos faleceram em decorrência de linfoma de Rodgkin e de não-Hodgkin este ano. Em uma década, o número de óbitos cresceu quatro vezes: em 2000, o SIM registrou 15 mortes. Ano passado foram registradas 63.
No hospital Napoleão Laureano, em João Pessoa, do começo de agosto até ontem, 64 pacientes passaram por tratamento de linfoma de não-Hodgkin. Este ano, 564 pessoas se trataram da doença no hospital. Já em todo o ano passado, o hospital tratou 1.053 pacientes.
Segundo Angelina Cartaxo, o aumento nas mortes está relacionado com a demora do diagnóstico da doença. “Vemos muitas pessoas que desconhecem a doença e acham normal o crescimento dos gânglios e, quando vem se tratar, a doença já está em estado bastante avançado”, afirmou.
A hematologista Flávia Pimenta afirmou que, para aumentar as chances de cura, é preciso diagnosticar precocemente a doença. “A atuação dos Postos de Saúde da Família (PSF) tem facilitado o encaminhamento do paciente. Ainda está longe do ideal, mas melhorou de forma importante”, ressaltou Flávia.
Cura
De acordo com a ABHH, o linfoma de Hodgkin, o primeiro a ser descoberto na história da medicina, tem índice de cura de 90%. O de não-Hodgkin é o tipo da doença mais complexo e é dividido em dois grupos: um com comportamento agressivo, com índice de cura em torno de 70%; e o indolente, que é incurável, porém há tratamentos que mantém a doença crônica, promovendo sobrevida com qualidade ao paciente.
“O paciente faz o tratamento com quimioterapia que mantém a doença em controle. Quando a doença volta, o paciente passa por mais uma etapa de quimioterapia”, explicou a hematologista Angelina Cartaxo.
Fatores que podem levar ao mal
A hematologista Flávia Pimenta explicou que o linfoma é uma neoplasia de causa ainda não totalmente esclarecida. No entanto, estudos mostraram que existem algumas condições que podem aumentar a incidência da doença, como imunossupressão do sistema imunológico, que pode ser de causa hereditária ou adquirida (doenças como AIDS, uso de medicação imunossupressora para doenças autoimunes ou pós-transplantes).
A exposição à radiação, aos agrotóxicos, tiner e solventes também são considerados fatores de risco, assim como infecções virais como as causadas pela hepatite B, hepatite C, Vírus de Epstein Barr, entre outros parecidos. Angelina citou a infecção das células epiteliais do estômago pela bactéria Helicobacter pylori, encontrada em pessoas com gastrite, que pode induzir o aparecimento do linfoma gástrico. “Não é decisivo, ou seja, não são todas as pessoas que têm tal exposição que desenvolverão linfoma”, explicou Flávia. Segundo ela para evitar a doença, as pessoas não devem se expor às condições listadas acima. No entanto, ela garante que a melhor prevenção é realizar consultas anuais com um clínico geral, que deve conhecer os sintomas da doença. “Caso a pessoa identifique algum dos sintomas, como aumento dos gânglios, febre sem infecção, perda inexplicável de peso, ou gânglios que resistem em desaparecer, endurecidos e indolores, deve procurar o especialista”, indicou. Já Angelina acredita que a alimentação com tantos produtos industrializados pode estar afetando o aumento da incidência da doença.
Frequência em indivíduos jovens
De acordo com a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), a incidência do linfoma de Hodgkin atinge um pico de cinco a seis casos para cada 100 mil indivíduos com idade em torno de 20 anos. Na meia idade, a incidência cai pela metade e, nas pessoas mais idosas, a tendência é aumentar. Ainda segundo a associação, a doença ocorre frequentemente em indivíduos jovens, entre 10 e 40 anos, com descendência européia.
Já a incidência do linfoma de não-Hodgkin, segundo a Abrale, aumenta progressivamente com a idade. Em torno dos 20 anos, a incidência é de quatro casos para cada 100 mil indivíduos. Em indivíduos com 60 anos, a incidência aumenta 10 vezes e, acima dos 75 anos, a incidência aumenta mais de 20 vezes, chegando a 80 casos para cada 100 mil pessoas.
Celebridades assumem doença
Este ano, os brasileiros tiveram uma surpresa após o anúncio que o ator Reinaldo Giannecchini havia sido diagnosticado com linfoma de não-Hodgkin. O ator, que passou por sua segunda sessão de quimioterapia no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, descobriu a doença após ser internado com suspeita de faringite crônica. A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, também foi diagnosticada com a mesma doença, em 2009. Assim como Giannecchini, a presidente passou por tratamento de quimioterapia, também no hospital Sírio-Libanês, na capital paulista. A autora de novelas Glória Perez também lutou contra o linfoma, em 2009.
A ex-primeira dama dos Estados Unidos e ícone mundial, Jacqueline Kennedy Onassis faleceu, em maio de 1994, em decorrência de linfoma considerado altamente maligno. Ela descobriu a doença em dezembro do ano anterior e, um dia antes de falecer, os médicos deram-lhe o prognóstico de que não havia mais o que fazer contra o câncer.
O vocalista da banda punk Ramones, Joey Ramone, também faleceu em decorrência da doença, em 2001.
Campanha de conscientização
Para o Dia Internacional de Conscientização sobre Linfomas, a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) lança a campanha “Movimento contra o linfoma. Se toca. Quanto antes você descobrir, melhor”, com participação de personalidades. Este ano, a campanha tem como padrinhos os atores Amandha Lee, Caco Ciocler, Camila Morgado, Matheus Solano, Marcelo Airoldi e Odilon Wagner, e a apresentadora Sarah Oliveira e a atriz Drica Moraes, diagnostica com leucemia.
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