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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Paraibanos vivem com R$ 70 enquanto parlamentares ‘lucram’ R$ 23,8 mil


Senadores e deputados federais da PB gastaram R$ 3,2 milhões com a verba indenizatória de fevereiro a outubro
O barulho das garrafas caindo e das sacolas chiando avisam: as mãos calejadas e o rosto cansado e marcado pelo tempo e pelo trabalho duro já estão na ativa. Pacientemente, Antônio Pereira (nome fictício), de 46 anos, separa cada item do lixo encontrado na porta do condomínio de classe média, em João Pessoa, e que se transformará em fonte de renda para sua família composta por ele, a mulher e mais quatro filhos. E, mais que dinheiro, às vezes, os restos catados são o único alimento do dia.
“Tem gente que joga pão velho, frutas que já não estão muito boas e comida mesmo, feijão e arroz. Quando não estão muito estragados eu levo para casa e a gente come. Não é muito bom, mas como nem sempre a gente tem o que comer, então tem que aproveitar para não morrer de fome. É triste ver meus filhos comer restos encontrados no lixo, mas infelizmente a vida não me deu outra escolha”, relatou de forma amargurada o catador.
Financeiramente o trabalho de catador de lixo também não rende muito para o personagem que preferiu ter sua identidade preservada e, por este motivo, está sendo chamado de Antônio Pereira. Por semana ele adquire apenas R$ 20 ou R$ 30, o suficiente para viver numa casa extremamente simples e sem a menor condição de higiene. As panelas, na maioria das vezes vazias, também foram conseguidas no lixo, assim como as roupas dos filhos de 13, 11, 9 e 8 anos de idade.
O dia-a-dia cruel e sofrido faz com que ‘esperança’ seja uma palavra inexistente no dicionário de Antônio Pereira. “Esperança? Esperança de quê minha filha? Você acha que uma pessoa na minha idade e com a vida que levo pode achar que ainda existe esperança? Esperar agora somente pela morte mesmo!”, desabafa de forma dura e triste o catador.
Do mesmo lado da realidade cruel de Antônio Pereira estão mais de 600 mil paraibanos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a renda per capita de 613.781 mil pessoas na Paraíba é de apenas R$ 70 por mês.
Desse total de paraibanos que vivem com essa renda, 330 mil estão na zona urbana e 284 mil na zona rural. Precisam sobreviver com R$ 70 mensais 309 mil mulheres e 304 mil homens. Os dados são do censo 2010 feito pelo IBGE.
Com apenas R$ 70, esses paraibanos não conseguem sequer comprar uma cesta básica que, de acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), alcançou o valor de R$ 195,14, em João Pessoa, no mês de outubro.
Sendo assim, os direitos sociais previstos no Artigo 6º da Constituição Federal que diz: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”, não estão sendo garantidos para essas pessoas.
Realidades diferentes, gastos desproporcionais
A dura e triste realidade de Antônio Pereira e de todos os paraibanos que são obrigados a viver com apenas R$ 70 por mês é completamente diferente dos 15 parlamentares da Paraíba que ocupam cadeiras no Senado e Câmara Federal. Enquanto ele cata lixo nas ruas, deputados e senadores têm carta branca para gastar o que quiserem com divulgação da atividade parlamentar, telefonia, serviços postais, hospedagem, etc.
Com salários vultosos de R$ 26,7 mil por mês os três senadores e 12 deputados federais da Paraíba ainda contam com a “singela ajuda” da verba indenizatória para gastos extras. O deputado federal Wellington Roberto (PR), por exemplo, chegou a gastar quase R$ 70 mil somente no mês de agosto com a cota. Unido ao salário, portanto, o parlamentar lucrou, no oitavo mês do ano, o montante de quase R$ 100 mil.
E os parlamentares não se fazem nem um pouco de rogados na hora de utilizar a verba. De fevereiro de 2011, quando assumiram o novo mandato, até o último mês de outubro, os 15 parlamentares paraibanos (senadores e deputados federais) gastaram mais de R$ 3,2 milhões (R$ 3.217.089 milhões) somente com o cotão. Uma média de mais de R$ 357.454 mil por mês em gastos apenas com a verba indenizatória, além do salário.
Dividindo esse total mensal podemos afirmar que cada parlamentar paraibano lucra, por mês, uma média de R$ 23.830 mil somente com o cotão podendo deixar livre para outras despesas os R$ 26,7 mil de salário que ganham mensalmente.
Significa que em nove meses de atuação cada um dos três senadores e 12 deputados federais paraibanos que ocupam cadeira no Congresso Nacional ‘embolsaram’ uma média de R$ 214.472 mil somente com a verba indenizatória.
Os gastos
Numa matemática simples podemos afirmar que os 15 parlamentares paraibanos que ocupam cadeira no Congresso Nacional ganham, por mês, 33.942% a mais que os 613,7 mil paraibanos que são obrigados a conviver com a extrema pobreza que gera fome, falta de educação, moradia, saúde, segurança e lazer. Uma realidade que não pertence aos deputados federais e senadores que andam de jatinho, mantém os filhos nas melhores escolas e se deliciam com os melhores pratos nos restaurantes mais renomados.
Entre os três senadores o que mais ‘lucrou’ com o cotão foi o agora ex-senador Wilson Santiago (PMDB). Nos nove meses em que o peemedebista permaneceu no Senado Federal ele usou R$ 253.538 mil da verba indenizatória. O mês em que ele mais gastou com o cotão foi junho, R$ 63.266 mil.
Cícero Lucena (PSDB) ‘lucrou’ R$ 195.203 mil com o cotão, de fevereiro a outubro. Já Vital do Rêgo Filho (PMDB) chegou ao montante de R$ 138.427 mil.
Entre os deputados federais Wellington Roberto (PR) foi o que mais aproveitou com o cotão. O parlamentar gastou a quantia de R$ 278.613 mil, de fevereiro a outubro. O segundo que mais gastou foi Manoel Júnior (PMDB) que alcançou o montante de R$ 274.097 mil no mesmo período. E o terceiro colocado foi Efraim Morais (DEM) com a quantia de R$ 262.975 mil em gastos com o cotão.
Por ordem alfabética os gastos dos deputados federais com a verba indenizatória, de fevereiro a outubro, ficaram assim:
Aguinaldo Ribeiro (PP) – R$ 114.537 mil
Benjamim Maranhão (PMDB) – R$ 189.824 mil
Damião Feliciano (PDT) – R$ 201.754 mil
Efraim Morais (DEM) – R$ 262.975 mil
Hugo Motta (PMDB) – R$ 249.365 mil
Luiz Couto (PT) – R$ 207.708 mil
Manoel Júnior (PMDB) – R$ 274.097 mil
Nilda Gondim (PMDB) – R$ 191.550 mil
Romero Rodrigues (PSDB) – R$ 219.200 mil
Ruy Carneiro (PSDB) – R$ 248.948 mil
Wellington Roberto (PR) – R$ 278.613 mil
Wilson Filho (PMDB) – R$ 191.350 mil
O cotão
A cota para exercício da atividade parlamentar é uma verba destinada pela Câmara e Senado para reembolsar os deputados por gastos decorrentes de seu trabalho. Inclui 12 categorias de gastos, de telefonia e alimentação a aluguel de carros e divulgação.
Nice Almeida
PolíticaPB

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