O sertão vai virar energia"
Com investimentos de R$ 325 milhões, usina localizada em Coremas, no interior da Paraíba, coloca o Brasil no mapa mundial da geração energética a partir do Sol.
O faro e a agilidade para identificar e pôr em prática boas oportunidades de negócios são um ingrediente importante na carreira de quem atua no mercado financeiro. O trio de empreendedores paulistas Edmond Farhat, Sérgio Reinas e Rafael Brandão sabe muito bem disso. Ao longo dos últimos 20 anos, quando passaram por instituições como Citibank, Delta Commodities Banco Rural Internacional, eles estruturaram diversas operações para a captação de recursos para projetos energéticos. Agora, eles resolveram utilizar a expe-riência para se tornar empreendedores do setor. A primeira tacada do trio é a Usina Coremas I, situada em Coremas, cidade encravada no sertão da Paraíba, a 390 quilômetros da capital João Pessoa. A usina terá capacidade de gerar 50 megawatts (MW), com a força dos raios solares, a partir do primeiro semestre de 2013.
Trio energizado: experiência no mercado financeiro foi o que motivou Brandão (primeiro à esq.), Farhat e Reinas a investir em energia
Trata-se de um volume suficiente para abastecer 830 mil residências. Orçado em R$ 325 milhões, o em-preendimento colocará o Brasil definitivamente no mapa mundial da energia solar. Até agora, já foram desembolsados R$ 15,5 milhões. Os recursos foram aplicados no estudo de implantação e viabilidade, além da compra do terreno de 400 hectares. “De tanto fazer estudos para nossos clientes, decidimos nos arriscar do outro lado do balcão”, afirma Farhat à DINHEIRO. O negócio está sendo tocado por meio da Mais Asset Management, da qual Farhat, Reinas e Brandão são acionistas, e tem como parceiro o Banco Paulista, dono de uma fatia de 30,8% do empreendimento. A meta é atrair outro sócio com experiência no segmento energético, que ficaria com uma participação de 35,2%. Farhat, Reinas e Brandão dividiriam os 34% restantes.
Por que investir em energia solar, considerada até há pouco tempo proibitiva em função do custo de aquisição e manutenção dos equipamentos? “A tecnologia evoluiu e hoje essa modalidade já tem um preço competitivo em relação às demais opções renováveis”, afirma Brandão. É que, em uma das tradicionais placas fotovoltaicas (conhecidas como painéis solares), o trio foi buscar nos Estados Unidos um sistema híbrido, semelhante ao utilizado na cogeração, a partir da queima da biomassa (restos de bagaço de cana, por exemplo). A Usina Coremas I usará a potência dos raios solares, captados por coletores revestidos de películas prateadas, para aquecer tubos cheios de água. O líquido, a uma temperatura de 400 graus centígrados, será direcionado para uma caldeira para ser convertido em vapor. Este, por sua vez, movimentará a turbina que gera energia. Apesar das várias etapas, esse processo, de acordo com os investidores, é 55% mais barato em relação à eletricidade obtida com placas fotovoltaicas. Além disso, seu grau de eficiência, ainda segundo eles, é 50% maior.
Calor escaldante: a maior usina de energia solar do mundo, no deserto de Mojave, na Califórnia, inspirou o projeto brasileiro
Trata-se do mesmo método utilizado na Ivanpah Solar Energy Generating System, a maior usina do gênero do mundo, situada no deserto de Mojave, na Califórnia, que vai consumir US$ 168 milhões e gerar 354 MW. O Google é um dos principais investidores. O desbravamento do sertão paraibano é apenas a primeira fase da jornada eletrizante que o trio pretende seguir na área empresarial. A Rio Alto Energia tem licença para produzir até 125 MW. A meta é focar exclusivamente em fontes renováveis. Também estão no radar desses empreendedores as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), usinas com capacidade de gerar até 30 MW. Os primeiros dividendos, no entanto, deverão vir de Coremas. No próximo leilão de energia A-3 (com entrega no mínimo em três anos), o trio pretende fechar a venda de 30 megawatts diários para a Eletrobras. Isso deverá garantir uma receita anual garantida de pelo menos R$ 34 milhões.
Farhat e seus dois sócios não são os únicos que estão de olho nessa nova vertente energética. Hoje, o que se tem no Brasil são apenas seis projetos experimentais que produzem 1,087 MW. O principal deles é o do empresário Eike Batista, o homem mais rico do Brasil, que montou uma usina em Tauá (CE). Na Alemanha, cuja temperatura média é inferior à brasileira, apenas os painéis instalados nos telhados das residências geram 9 mil MW. Por ser um país tropical, o potencial de geração de energia solar do Brasil é praticamente inesgotável. Na avaliação de Sergio Colle, especialista em energia da Universidade Federal de Santa Catarina, o que dificulta a existência de projetos como o de Rio Alto é a falta de estudos de viabilidade. “Os empresários têm de desembolsar recursos para levantar dados que o governo brasileiro já deveria ter”, afirma Colle. Apesar disso, ele se mostra otimista. “Estamos em um cenário favorável para esse tipo de empreendimento”, diz. É nisso que apostam os controladores da Rio Alto Energia.
Fonte: Por Rafael FREIRE
O faro e a agilidade para identificar e pôr em prática boas oportunidades de negócios são um ingrediente importante na carreira de quem atua no mercado financeiro. O trio de empreendedores paulistas Edmond Farhat, Sérgio Reinas e Rafael Brandão sabe muito bem disso. Ao longo dos últimos 20 anos, quando passaram por instituições como Citibank, Delta Commodities Banco Rural Internacional, eles estruturaram diversas operações para a captação de recursos para projetos energéticos. Agora, eles resolveram utilizar a expe-riência para se tornar empreendedores do setor. A primeira tacada do trio é a Usina Coremas I, situada em Coremas, cidade encravada no sertão da Paraíba, a 390 quilômetros da capital João Pessoa. A usina terá capacidade de gerar 50 megawatts (MW), com a força dos raios solares, a partir do primeiro semestre de 2013.
Trio energizado: experiência no mercado financeiro foi o que motivou Brandão (primeiro à esq.), Farhat e Reinas a investir em energia
Trata-se de um volume suficiente para abastecer 830 mil residências. Orçado em R$ 325 milhões, o em-preendimento colocará o Brasil definitivamente no mapa mundial da energia solar. Até agora, já foram desembolsados R$ 15,5 milhões. Os recursos foram aplicados no estudo de implantação e viabilidade, além da compra do terreno de 400 hectares. “De tanto fazer estudos para nossos clientes, decidimos nos arriscar do outro lado do balcão”, afirma Farhat à DINHEIRO. O negócio está sendo tocado por meio da Mais Asset Management, da qual Farhat, Reinas e Brandão são acionistas, e tem como parceiro o Banco Paulista, dono de uma fatia de 30,8% do empreendimento. A meta é atrair outro sócio com experiência no segmento energético, que ficaria com uma participação de 35,2%. Farhat, Reinas e Brandão dividiriam os 34% restantes.
Por que investir em energia solar, considerada até há pouco tempo proibitiva em função do custo de aquisição e manutenção dos equipamentos? “A tecnologia evoluiu e hoje essa modalidade já tem um preço competitivo em relação às demais opções renováveis”, afirma Brandão. É que, em uma das tradicionais placas fotovoltaicas (conhecidas como painéis solares), o trio foi buscar nos Estados Unidos um sistema híbrido, semelhante ao utilizado na cogeração, a partir da queima da biomassa (restos de bagaço de cana, por exemplo). A Usina Coremas I usará a potência dos raios solares, captados por coletores revestidos de películas prateadas, para aquecer tubos cheios de água. O líquido, a uma temperatura de 400 graus centígrados, será direcionado para uma caldeira para ser convertido em vapor. Este, por sua vez, movimentará a turbina que gera energia. Apesar das várias etapas, esse processo, de acordo com os investidores, é 55% mais barato em relação à eletricidade obtida com placas fotovoltaicas. Além disso, seu grau de eficiência, ainda segundo eles, é 50% maior.
Calor escaldante: a maior usina de energia solar do mundo, no deserto de Mojave, na Califórnia, inspirou o projeto brasileiro
Trata-se do mesmo método utilizado na Ivanpah Solar Energy Generating System, a maior usina do gênero do mundo, situada no deserto de Mojave, na Califórnia, que vai consumir US$ 168 milhões e gerar 354 MW. O Google é um dos principais investidores. O desbravamento do sertão paraibano é apenas a primeira fase da jornada eletrizante que o trio pretende seguir na área empresarial. A Rio Alto Energia tem licença para produzir até 125 MW. A meta é focar exclusivamente em fontes renováveis. Também estão no radar desses empreendedores as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), usinas com capacidade de gerar até 30 MW. Os primeiros dividendos, no entanto, deverão vir de Coremas. No próximo leilão de energia A-3 (com entrega no mínimo em três anos), o trio pretende fechar a venda de 30 megawatts diários para a Eletrobras. Isso deverá garantir uma receita anual garantida de pelo menos R$ 34 milhões.
Farhat e seus dois sócios não são os únicos que estão de olho nessa nova vertente energética. Hoje, o que se tem no Brasil são apenas seis projetos experimentais que produzem 1,087 MW. O principal deles é o do empresário Eike Batista, o homem mais rico do Brasil, que montou uma usina em Tauá (CE). Na Alemanha, cuja temperatura média é inferior à brasileira, apenas os painéis instalados nos telhados das residências geram 9 mil MW. Por ser um país tropical, o potencial de geração de energia solar do Brasil é praticamente inesgotável. Na avaliação de Sergio Colle, especialista em energia da Universidade Federal de Santa Catarina, o que dificulta a existência de projetos como o de Rio Alto é a falta de estudos de viabilidade. “Os empresários têm de desembolsar recursos para levantar dados que o governo brasileiro já deveria ter”, afirma Colle. Apesar disso, ele se mostra otimista. “Estamos em um cenário favorável para esse tipo de empreendimento”, diz. É nisso que apostam os controladores da Rio Alto Energia.
Fonte: Por Rafael FREIRE
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